Wednesday, November 30, 2005

mensagem

mandei um email tão bonitinho ontem que, se fosse pra mim, me apaixonaria por mim mesma.

espero que surta esse efeito.
até porque a segunda opção é o efeito contrário.

Ana 14, Ana 24

Eu me encontrei.
Eu com 14 anos me encontrei com 24.
Nós conversamos:

Ana com 14: oi... tu sou eu mesmo?

Ana com 24: sim, eu sou tu! Gostou?

Ana com 14 olha, analisa, fica quieta um tempo, suspira, sorri e diz: gostei sim... nosso cabelo tá muito melhor, né?

Ana com 24: hahaha, é só isso que tu tem pra me dizer?

Ana com 14: assim, à primeira vista, é... mas eu tenho várias perguntas... um questionário! Pode sentar um minuto e responder?

Ana com 24: primeira coisa que vou te ensinar: nunca mais pede algo. Deixa de ser tão educadinha e comportadinha. De agora em diante diz. Vamos começar de novo, me diz: ‘senta ai que tenho um questionário pra fazer’.

Ana 14: hahaha... tá bom... vou começar: nós já estamos casadas? Com filhos? Quantos?

Ana 24: claro que não!

Ana 14: então ficamos pra titia? Tu és uma solteirona?

Ana 24: sim, NÓS somos... mas calma, que com o tempo vais ver que 24 ainda se é muito jovem pra isso... não tem porque ter pressa... nem penso em ter filhos nos próximos 8 anos, pelo menos.

Ana 14: tu tá falando que nem uma solteirona mesmo... achei que com uns 18 ia conhecer o homem da nossa vida, casar pelos 21 no máximo e ter filhos pelos 23... nossos gêmeos!

Ana 24: que nada, gêmeos devem dar muito trabalho... fora que nunca mais a gente conseguiria recuperar o corpinho que, tu vais ver, não é fácil assim manter, daqui a pouco tu vais ter que parar de comer que nem um cavalo.

Ana 14: tu tá muito bonita mesmo. O cabelo, a pele, teu jeito... mas esse aparelho que eu to usando nos dentes não funcionou muito, né?

Ana 24: é, continuam pra frente... posso até estar mais bonita, mas tens que ser menos dura contigo. Olha bem no espelho, tem um monte de coisas lindas em ti. Tu és linda! Pára de achar que tu és um bichinho da goiaba!

Ana 14: e pelo visto a gente ficou muito mais segura de si, não é?

Ana 24: segura? Hahaha, não, estamos tão inseguras quanto tu estás agora. E temos ainda mais dúvidas e medos em relação à vida. Mas a gente aprendeu a enganar os outros. Viu? Consegui te enganar. Eles acham que somos seguras. Que nada!

Ana 14: e tu já viveu muita coisa legal? Conta ai!!!

Ana 24: ah, isso sim... posso dizer que, pra 24 já vi muita coisa... conheci tanta gente diferente que tu não faz idéia! Todos os tipos de malucos que podes imaginar! Descobrimos muita coisa através da música, principalmente. E dos livros. Já viajamos um bocado também. Essa é uma das coisas que mais nos dá mais prazer. Fizemos muita festa também. Nossa, tu não tem noção! Todos os tipos de festa, bebemos bastante por ai... logo, logo vai passar essa fase de hi-fi e vem a da cerveja, que vem pra ficar...

Ana 14: cerveja??? Urgh! Mas tô preocupada ainda com a solteirice... tu tá encalhada mesmo? Porque eu também estou, mas quero saber se vou ficar os próximos 10 anos assim!

Ana 24: hahaha... calma... ainda me dizem que vou conhecer a pessoa certa, mas agora não acredito mais que teremos um ‘homem da vida’, sabe? Tipo o pai e a mãe, 30 anos de casamento, não nos imagino assim. Acho que têm pessoas e momentos e algumas pessoas legais já passaram pelo meu caminho em momentos legais. E agora é um deles e terão outros momentos e outras pessoas. Se tem uma coisa que posso te dizer é isso: o mundo não é tão simples... não é uma novela em que tudo se encaixa... mas tem bastante coisa que se encaixa, não te preocupa! Já quebraram o nosso coração... mas sobrevivemos... e a gente já andou quebrando uns corações por ai também!

Ana 14: e já perdemos alguém importante?

Ana 24: da família não. Só amigos, já descobri que pessoas morrem, que a vida acaba, mas isso não adianta te explicar, deixa pra lá.

Ana 14: e no que a gente trabalha?

Ana 24: tu acredita que eu ainda não sei o que vou ser quando crescer? Mas não te preocupa, já trabalhei com várias coisas e acho que provavelmente já trabalhei muuuuuuito mais que a maioria dos nossos amigos. A gente ama trabalhar e isso é ótimo. Estamos trabalhando agora, mas não vou te dizer onde. Logo, logo tu vai começar a trabalhar, então curte bastante agora e não te preocupa com isso. Às vezes tu vai estar super feliz trabalhando em algo, às vezes vai estar infeliz. Por isso, te digo algo: quando tiver infeliz, pensa se é momentâneo ou se é real. Se for real, não fica com medo de mudar, seja lá o que os outros pensem. Isso é algo que vai te fazer sofrer, mas não importa. Busca o que tu quer e não o que eles querem. Olha eu, dando sermão tentando te ensinar algo, acho que tu tens muito mais que me ensinar, quero lembrar umas coisas... acho que to encarando umas coisas de uma forma de velha...

Ana 14: tipo o quê?

Ana 24: tipo minhas amigas... não tenho tido mais tempo para elas...

Ana 14: deve ser estranho não ver as gurias todos os dias na aula... mas espero que tu continues falando com elas...

Ana 24: é, é estranho sim, mas já faz tanto tempo... sim, não te preocupa. Tenho vários outros amigos de outros lugares, mas ‘as gurias’ às quais te referes continuam por aqui. Quer saber? Cansei, não quero mais responder. Vai viver tua vida e descobre. Ninguém me ajudou e também não vou te ajudar porque assim não vai ter graça.

Ana 14: Mas... eu ainda quero saber tanta coisa...

Ana 24: mais uma pergunta, última.

Ana 14: ai... deixa eu pensar... bom, me diz tu, alguma coisa incrível aconteceu?

Ana 24: coisa incrível? hmmmm... continuamos sem nenhuma cárie!

Tuesday, November 29, 2005

mundo

hahaha... tem gente me procurando na Índia... e eu com a cabeça no Marrocos...

mundo gira (and you´re still here)

Monday, November 28, 2005

travesseiro

tenho o coração mole
e a memória curta

sou mulher de malandro

Sunday, November 27, 2005

se...

isso tudo podia ser tão bonito...
se o que tu diz tivesse a ver com o que tu faz
e se não existisse todo o resto
sou pequena e (por isso) talvez não saibas
que posso aguentar muita coisa
sou maria bonita e ana terra
mas cansei agora, quero dormir, sai daqui por favor
e me deixa quietinha, to com sono e com lágrima

Monday, November 21, 2005

rafa

amigo do peito
peito cheio de amigos
faz 24 e acha que não fez nada
fez tudo e mais um pouco
registra a vida em milímetros
transborda, quilômetros
vida é que tu é
o que tu não teme
o que tu agarra
me dá a mão
e fica sempre por aqui
mesmo que de longe
amor, sempre

Friday, November 18, 2005

verdade

O Lucas, nosso assistente-querido-baby estava vendo horóscopos na internet, quem combina com quem. Pedi touro com leão (porque gosto tanto de você leãozinho).

Um touro sem o seu cenário aconchegante (e, se possível, belo e caro) é um peixe fora d'água. Um leão sem palco apropriado é um rei sem súditos. Conclusão: o touro fornece um ambiente primoroso para o leão passear satisfeito sua juba. Serão aquele casal que todo mundo vai dizer que foram feitos um para o outro. Suas festas serão comentadas muitas ressacas depois, o menu dos seus jantares, copiado até pelo pior inimigo; a trilha sonora de seus brunchs, procurada em toda loja de disco. É brilho, brilho e mais brilho - desde que alguém consiga pagar a conta.

Leãozinho-lego tá me fazendo gostar de horóscopo.
eu era cética.
p.s.: almofadas

mágoa

Ela chegou saltitando, sem sapatos, com um pirulito na boca e uma sainha de babados. Perguntou meu nome e disse que queria ser minha amiga. Parecia ser legal e, no mais, todos sempre me falaram muito bem dela, que era simpática, atenciosa e meiga.
Disse que já fui como ela, mas que os cavalos que passaram aqui no ano passado levaram minha felicidade, disseram que voltariam e eu fiquei sentada esperando. Na primeira chuva de outono, cansei de esperar e fui pra casa.
Ela disse “que história triste” e me ofereceu ajuda. Perguntei se ela deixaria então eu viver um pouquinho a vida dela. Foi quando ela fechou o sorriso e com cara de braba virou as costas e foi embora. Fiquei sentada, esperando ela voltar.

Thursday, November 17, 2005

gosto

Primeiro fomos expulsos do bar, acabou, a luz acendeu, o garçom roliço já colocava cadeiras em cima das mesas, a garçonete dentuça já estava em posse da vassoura. Pagamos a conta e saímos, andamos um pouco, paramos em outro bar. Na frente, um carro de polícia, um senhor de chambres e pantufas (vizinho, suponho) e outro rapaz discutiam. Entramos mesmo assim. Estávamos muito loucos, dançando alucinados, ao som de músicas que a gente nem entendia. A gente se olhava e ria, gargalhava, como se disséssemos: que bom estar aqui contigo, que bom que tu me aceitas como eu sou, vamos dançar, dançar, dançar, vamos nos acabar dançando, nada mais importa, só hoje. Minha maquiagem já devia estar borrada. E um bando de outras pessoas que a gente não conhecia dançavam também, mas a gente é que importava. Ele mexia a cabeça de um lado para o outro, fechava os olhos, abria, abria também os braços para o céu como se agradecesse a Deus por aquele sentimento. Eu imitava e quando baixava a cabeça e a balançava, o movimento do meu cabelo fazia com que os fios batessem no peito dele e era isso, eu quase queria agredi-lo! Puxei ele e nossos lábios foram se aproximando e se abrindo e em questão de centésimos de segundo minha língua e a dele estavam praticamente transando e eu mordia seu lábio, puxava, empurrava, tesão, muito tesão. Enquanto isso, tudo o que eu podia pensar era que ele era homem, homem, muito homem. Pêlos, cheiros, músculos. A boca dele não tinha hálito (nem bom nem ruim, simplesmente inexistente) e era essa a definição mais clara que já tive do que é gosto simplesmente de boca – o que o deixava mais homem ainda.

Tuesday, November 15, 2005

almofadas

eu ia fazer uma casa muito confortável pra tu morares comigo.
era branca e tinha frases na parede.
o choro de outono na casa de antônio.
fechar os olhos fugir do perigo.
tinha também tudo o que tu quisésse e muitas almofadas.
e muita luz e muitas janelas e poucas cortinas.
e a comidinha era boa e os amigos iam lá.
e riam, e bebiam cerveja, e traziam mais amigos.
e quando a gente queria silêncio eles iam embora e sobrava a gente.
e nossas plantas e nosso cachorrinho.

mas tu foi embora antes e a casa e o cachorro e as plantinhas (e tu!)
nunca existiram fora dos meus sonhos.

das coisas que só acontecem comigo

sim, a loira-morena perdeu a senha do outro blog.
ou foi desativado por falta de uso.
ou os dois.
gostava mais do outro nome, 54 horas, mas não posso mais usá-lo.
então, como penitência, me tirei uma hora.
não acho 53 sonoro nem bonito, mas assim sempre terei que lembrar que isto é culpa minha.
meu irmão chama de Custo Ana.

(não estranhe, vou postar um monte no começo coisas que tenho acumuladas. depois vou jurar continuar postando, mas vou encher o saco e dar uma parada. possivelmente depois vou perder a senha. caso isso aconteça, provavelmente estarei batendo o ponto no 52 horas.)

pela sua atenção, obrigada.